Resenha "As Tumbas de Atuan" (Ciclo Terramar #2) de Ursula K. Le Guin



Livro: As Tumbas de Atuan
Autor: Ursula K. Le Guin
Edição: 2
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788580417074
Ano: 2017
Páginas: 160


"Quando Tenar é escolhida como suma sacerdotisa, tudo lhe é tirado: casa, família e até o nome. Com apenas 6 anos, ela passa a se chamar Arha e se torna guardiã das tenebrosas Tumbas de Atuan, um lugar sagrado para a obscura seita dos Inominados.Já adolescente, quando está aprendendo os caminhos do labirinto subterrâneo que é seu domínio, ela se depara com Ged, um mago que veio roubar um dos maiores tesouros das Tumbas: o Anel de Erreth-Akbe.Um homem que traz a luz para aquele local de eternas trevas, ele é um herege que não tem direito a misericórdia.Porém, sua magia e sua simplicidade começam a abrir os olhos de Arha para uma realidade que ela nunca fora levada a perceber e agora lhe resta decidir que fim terá seu prisioneiro.Finalista da Newbery Medal, que premia os melhores livros jovens de cada ano, As Tumbas de Atuan dá continuidade ao elogiado Ciclo Terramar com uma singela história que rompeu com os paradigmas de heroína quando foi lançada."



"As Tumbas de Atuan" é a continuação de O Feiticeiro de Terramar (livro já resenhado aqui no blog), porém pode ser lido sem seguir a sequência, pois são histórias diferentes e não se complementam. Ele foi originalmente lançado em 1971, numa época onde não era comum protagonistas mulheres com características de heroína. Por esse motivo, o livro quebrou paradigmas nos trazendo uma menina chamada Tenar/Arha para o centro da história e nos mostrando a força feminina também no mundo da literatura. 

Tudo começa quando Tenar faz seis anos de idade. Ela é retirada da família pelas sacerdotisas e vai para a Ilha de Atuan. Esse acontecimento se deve por acreditarem que Tenar é a reencarnação da Sacerdotisa da Tumba justamente por ela ter nascido na mesma noite que a antiga sacerdotisa faleceu. Já na ilha, ela muda de nome e passa a se chamar Arha e é treinada para assumir a posição de guardiã das tumbas e dos labirintos de Atuan, um local sombrio, considerado sagrado e que guarda tesouros da seita dos Inominados. Seu destino é reassumir o que foi lhe designado em vidas passadas até sua morte, ou seja, Arha estava presa nessa condição que lhe foi imposta e com o passar dos anos acreditava-se que esse era o correto a se fazer e estava cada vez mais certa a desempenhar o seu papel. 

"– Ela não é nossa, nunca foi, desde que vieram aqui dizer que deve ser a Sacerdotisa das Tumbas. Por que você não consegue enxergar isso? – A voz do homem tinha a rispidez do queixume e da amargura."

Só que em um belo dia, durante seu treinamento pelos labirintos, ela se depara com Ged (protagonista do primeiro livro) nas tumbas em que ela deveria proteger. Aos poucos ela vai descobrindo que ele é um mago e que ele está lá para roubar o anel de Erreth-Akbe, só que ela precisará impedi-lo que Ged cometa tamanha façanha. A menina traça armadilhas com o intuito de prende-lo lá dentro para sempre. Porém Arha fica curiosa em saber mais sobre o mago e a partir daí sua vida tende a mudar. 

"- Fazer surgir um jantar - completou Ged. - Ah, eu poderia. Em pratos de ouro, se quiser. Mas seria só uma ilusão e, quando a pessoa come ilusões, acaba com mais fome do que antes. É tão nutritivo quanto comer as próprias palavras."

Esse encontro é o ápice da história, pois Arha começa a se questionar sobre coisas que antes não lhe eram relevantes e passa a ver a sua vida com outros olhos. Ela descobre uma outra realidade e não a realidade que as sacerdotisas de Atuan apresentaram a ela. Isso tudo gera um conflito interno na menina, mas ao mesmo tempo faz com que ela se descubra.

"A liberdade é um fardo pesado e uma carga enorme e estranha para o espírito levar. Não é fácil. Não é um presente dado, mas uma escolha que se faz, e a escolha pode ser difícil. A estrada sobe em direção à luz, mas o viajante sobrecarregado pode nunca chegar ao fim."

A medida que Arha e Ged vão se conhecendo, eles se tornam amigos e a menina vai ter que juntar seus velhos e novos conhecimentos e sua astúcia para poder salvar a vida do mago e, principalmente, a sua própria vida.

A proposta do livro é bastante interessante. Mostra como uma fé, beirando ao fanatismo, pode transformar as pessoas fazendo-as a acreditarem em uma única verdade e viverem para isso, que é o caso das sacerdotisas de Atuan e o culto aos Inominados. Os questionamentos e descobertas de Tenar/Arha que surgiram graças a Ged é o momento de amadurecimento e mudança da personagem. O fato de termos uma protagonista mulher e saber que foi uma das primeiras heroínas criadas também faz com que esse livro seja especial. Porém, para por aí os elogios. 

Como O Feiticeiro de Terramar, foi difícil da leitura engrenar. As partes de aventura, que deveria dar um upgrade a história ficou muito a desejar. Não consegui me empolgar com a leitura e, para ser sincera, só conseguiu fluir melhor quando o protagonista do livro anterior, Ged, apareceu, mas mesmo assim foi difícil chegar ao seu desfecho. A escrita de Úrsula é muito detalhista e as passagens são cansativas. Particularmente, não consegui me conectar a história da forma como esperava, apesar dos pontos positivos. Acho que a autora tinha uma boa ideia em mãos, mas não soube explorar melhor o enredo. 

Comparando os dois livros da série, o primeiro, mesmo com a dificuldade de leitura similar a esse, eu me identifiquei mais. Como ainda tem mais livros pela frente dessa série, vou me arriscar e dar uma nova oportunidade, pois desejo ser surpreendida. Como dizem: A esperança é a última que morre. Então, que venha o próximo Terramar.
Livro cedido em parceria pela editora Arqueiro

6 comentários

  1. Olá, Vivian.
    Eu tenho O Feiticeiro de Terramar aqui na estante, mas como achei que era uma série, estava esperando lançar todos para começar a ler. Mas agora que você falou que as histórias são separadas, acho que vou ler. E espero gostar, mesmo já sabendo que a leitura não é das mais fáceis. Que pena que não te agradou tanto.

    Prefácio

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    1. Oi Sil! É, a leitura não me agradou, mas talvez com você será diferente. Leia e depois me diz.

      Beijos

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  2. Nunca li mas tenho muita vontade. Parece ter uma aventura bem interessante :)

    www.vivendosentimentos.com.br

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    Respostas
    1. Oi Monique! Talvez você goste mais do que eu. :)

      Beijos

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